Exposição inédita apresenta acervo histórico e artístico nacional do Séc XIX em Belém
Por: Carlos Alexandre
Fonte: O Liberal
‘Imagens que não se conformam’ apresenta obras e objetos que pertencem ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).
A exposição itinerante “Imagens que não se conformam”, que apresenta parte do acervo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) do século XIX, com obras de valor histórico, artístico e cultural dos períodos colonial, imperial e republicano do Brasil, chega a Belém nesta quinta-feira, 23. A mostra inédita terá uma integração inédita com trabalhos de artistas contemporâneos paraenses. “Imagens que não se conformam” ficará aberto à visitação pública e gratuita no Museu do Estado do Pará (MEP) até o próximo dia 25 de junho.
A abertura da exposição, nesta quinta-feira, será às 17h e contará com a Conversa de Galeria dos curadores Paulo Knauss, vice-presidente do IHGB, e professor e historiador paraense Aldrin Figueiredo, sócio do IHGP.
O IGHB é a instituição cultural mais antiga do Brasil, fundada em 1838, no Rio, sob a proteção do imperador D. Pedro II, com objetivo de recolher documentos da história nacional. A coleção do instituto reúne obras de arte e objetos que pertenceram à família imperial brasileira e aos barões do café. “São bustos, retratos, móveis, mobílias e muitos objetos artísticos. Essa coleção é uma espécie de memória do império brasileiro”, explica. O IHGB possui relação com o Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), fundado em 1900, em Belém.
Entre os objetos que serão expostos em Belém está a escultura da mão de Dom Pedro II, confeccionada em bronze dourado e datada de 1841, de autoria do artista Marc Ferrez. Outro objeto raro é o crânio da Lagoa Santa, considerado o marco da arqueologia brasileira. Ainda, a coleção também apresenta em Belém o óleo sobre tela “Homem Tupinambá”, de 1877, do artista Niels Asgaard Lützen; a carranca do Rio São Francisco; e o objeto entalhado em madeira denominado Roda dos Expostos ou dos Enjeitados, de 1738. De autoria desconhecida, que pertenceu à Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, onde as mães depositavam os bebês frutos de relacionamentos de adultério ou concebidos fora do casamento porque não podiam ficar com as crianças.
É a primeira vez que as peças do acervo do IHGB vêm a Belém. Aldrin Figueiredo comenta que a descentralização do acervo é importante, pois a capital carioca sediou a Corte Portuguesa e foi a capital do Brasil no Século XIX, o que serviu de uma espécie de “vitrine intelectual da nação” por muito tempo. “Além disso, trazer a coleção para a Amazônia vai estabelecer um contato, um nexo com a arte contemporânea paraense. Vai ter um debate sobre centro e periferia, sobre zonas de contato artístico e sobre a representação da arte a partir da Amazônia e do Rio de Janeiro”.
Arte contemporânea
Entre os artistas paraenses chamados a colaborar com “Imagens que não se conformam” estão Berna Reale, Marcone Moreira, Ruma de Albuquerque, Alexandre Sequeira, Emmanuel Nassar, Flávya Mutran, Miguel Chikaoka e Paula Sampaio, entre outros fotógrafos, artistas plásticos e de instalação. “As obras contemporâneas farão esse diálogo com as obras do Século XIX”, acrescenta Aldrin.
“A mostra propõe a interrogação sobre nossa atualidade em perspectiva histórica a partir da experiência amazônica diante do quadro nacional. Espera-se que inventário de diferenças entre o antigo e o novo, entre o erudito e o popular, entre o nacional e o regional, estimule pensar historicamente o Brasil atual e seus desafios a partir de uma abordagem sensível”, declara Paulo Knauss.