Taxa de endividamento no Pará chega a 72,4% em julho
No mesmo período de 2019, a taxa correspondia a 55,6%
A taxa de endividamento no Pará, no início deste mês de julho, foi de 72,4%, de acordo com dados da de Bens, Serviços e Turismo no Estado do Pará (Fecomércio/PA), com base na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Os números revelam um aumento significativo no percentual de famílias endividadas, em comparação ao mesmo período de 2019, quando a taxa era de 55,6%, e uma pequena queda na comparação com o mês anterior, ou seja, junho deste ano, que teve taxa de 73,7%. Para famílias com renda acima de 10 salários mínimos, o endividamento subiu de 77%, em junho 2020, para 83% em julho 2020.
Assessora econômica da Federação, Lúcia Cristina de Andrade explica que a questão do endividamento abrange todas as compras ou empréstimo e operações que o consumidor faz e se compromete com dívidas para pagar em parcelas. Por isso, quando a economia está muito aquecida, o endividamento pode aumentar, em razão do aumento do consumo.
Porém, na situação atual, a avaliação é que o endividamento aumentou pela necessidade que o consumidor está tendo de recorrer a empréstimo, financiamentos e aumentar o parcelamento das compras, em função do contexto negativo que a economia tem enfrentado, que envolve queda de renda e perda de empregos. “É uma conjuntura nacional, que se reflete nos estados”.
Os resultados obtidos na pesquisa dão esse indicativo. A taxa de famílias paraenses com dívidas ou contas em atraso foi 34,1%, no início de julho deste ano, e 34,7%, em junho. Ano passado, no mês de julho, esse percentual era de 19,5%. Dessas famílias com dívidas em atraso, 35,4 % tem renda de até dez salários mínimos e 19,3 mais de 10 salários mínimos.
Outro fator que chamou a atenção foi que 12,0% das pessoas que responderam ao questionaram disseram que não terão condições de pagar as dívidas no próximo mês – em junho, esse percentual era de 7%. Entre os que admitiram não ter condições de pagar a dívida em agosto, 18,8% têm renda familiar de até 10 salários mínimos e 10,2% de mais de dez salários mínimos.
Ainda conforme a pesquisa, a maioria das famílias, 71,4 %, está endividada com cartão de crédito; 22,2% com carnês; 10,2% com crédito consignado; e 9,5% com financiamento de carro. Esses são os principais tipos de dívidas das famílias paraenses.
“Os consumidores estão recorrendo ao crédito, ao financiamento, para manter o seu padrão de consumo nesse momento em que houve queda de renda e receita”, diz Lúcia. Ela observa, ainda, que na faixa de até dez salários mínimos, estão contidos alguns consumidores de baixa renda que tiveram acesso aos benefícios emergenciais, o que contribuiu de alguma forma para manter o consumo, utilizando esse recurso.
Em todo o país, a percentual de famílias com dívidas atingiu 67,4% em julho, o maior nível da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor. Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as necessidades de crédito têm aumentado para as famílias com menor renda, seja para pagamento de despesas correntes, seja para manutenção de algum nível de consumo. Por outro lado, para as famílias de maior renda, a entidade entende que tem aumentado a propensão a poupar.
Conforme a pesquisa, em todo o País, houve aumento do endividamento das famílias com até 10 salários mínimos de renda, que chegou ao recorde de 69% em julho, acima dos 68,2% de junho e dos 65,4% de julho de 2019. Por outro lado, o grupo de famílias com renda superior a esse patamar teve uma redução do endividamento, chegando a 59,1% em julho, abaixo dos 60,7% em junho. Apesar disso, o percentual ficou acima dos 58,7% de julho de 2019.