Nova Zelândia supera susto e volta a pensar em uma vida normal
Clima no país é de tranquilidade, embora o governo não descarte o risco de uma segunda onda de contaminações no futuro
O susto veio no dia 16 do mês passado. Duas cidadãs neozelandesas recém-chegadas da Grã-Bretanha testaram positivo para o vírus após terem recebido uma permissão especial, chamada de compassionate leave, para visitar um familiar em estado terminal. Antes de terem recebido os resultados, elas haviam percorrido cerca de 650 quilômetros, entre as cidades de Auckland e Wellington, entrando em contato com ao menos 320 pessoas no caminho.
Residente em Wellington, a cantora, radialista e intérprete Alda Rezende conta que a notícia dos primeiros dois novos casos foi um “banho de água fria”. “Foi um choque. Essas permissões por compaixão foram canceladas agora, e o monitoramento vai ser ainda mais severo.”
Desde então, o governo informou 22 novos casos – todos importados e contidos na fronteira. Não há registro de transmissão comunitária.
Na capital há 16 anos, Alda afirma que a Nova Zelândia teve um “procedimento exemplar” durante a pandemia. “O lema do governo foi ‘Nova Zelândia unida contra a covid’, e realmente foi isso que aconteceu”, diz. “Tivemos um lockdown absoluto. Tudo fechado, com exceção de hospitais, farmácias e supermercados. As ruas foram policiadas e apenas trabalhadores essenciais podiam circular”.
Outro lema do governo, conta Alda, foi “hit it hard and hit it early” (combata rápido e combata cedo, em tradução livre). “Antes que houvesse qualquer morte, nós já estávamos em lockdown. Nem mesmo a oposição contestou a decisão.”
A quarentena, iniciada no dia 21 de março, funcionou a partir de um sistema com quatro níveis de alerta – o nível 1 representava o menor risco.
Moradora de Raglan, pequena cidade litorânea nas proximidades de Hamilton, Simone Carter conta que a quarentena foi implementada mesmo sem nenhum registro de infecção no município. “No nível 4, apenas serviços essenciais funcionavam”, diz. “Os negócios começaram a reabrir na fase 2, com número reduzido de pessoas, e, na fase 1, a vida está praticamente normal.”