Polícia – Delegado é suspeito de ter participado na extorsão ao Pe Robson
Hacker diz que extorsão a padre Robson ocorreu sob consentimento do delegado do caso
O hacker Welton Ferreira Nunes Júnior, condenado pela Justiça por extorquir padre Robson de Oliveira, disse em depoimento que e-mails e imagens usados na chantagem foram criados de “dentro da delegacia”, quando estava preso. Ele contou ainda que o delegado responsável pela investigação do caso consentiu o procedimento e cobrou dele R$ 165 mil.
A Polícia Civil informou que a Corregedoria apura o caso. Já a defesa do padre Robson afirmou que o fato “somente reafirma que todo o conteúdo das mensagens mencionadas é falso”. O delegado disse que não ia comentar o assunto.
Por causa da extorsão, o Ministério Público deflagrou operação para apurar desvios de doações feitas à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), responsável pelo Santuário Basílica de Trindade, cidade da Grande Goiânia. Fundador e presidente da entidade, padre Robson se afastou das funções temporariamente. Ele nega qualquer irregularidade.
O depoimento de Welton consta no processo de extorsão. Nele, o hacker conta que foi contratado e receberia R$ 1,5 milhão para “pegar informações do padre” por uma suspeita de que ele tinha um caso amoroso. No entanto, ele optou por chantagear o próprio religioso, pedindo um valor maior – R$ 2 milhões – para não divulgar as supostas provas contra ele.
No processo, consta que Welton também teria um caso amoroso com o padre Robson. O hacker, apontado como o mentor da extorsão, disse que em todo momento conversou com o religioso por um aplicativo de mensagens.
Welton afirma que somente após a prisão é que começou a produzir o material contra o padre e criar o e-mail que foi enviado por ele. Tudo isso, segundo ele, na delegacia e com a permissão do delegado.
Uma dessas criações é um e-mail enviado ao padre em 24 de março de 2017. Usando a alcunha “Detetive Miami” – também criada na delegacia, segundo ele – o hacker escreve que está com “cópia de todos os seus e-mails” e “dois anos de conversa no WhatsApp”.
No texto, ele cita ainda um suposto “caso” do religioso com uma mulher e cobra R$ 2 milhões para não divulgar o material.
No tempo em que ficou detido, ele disse que ficou preso “na sala do delegado”, que dormia e tomava banho lá. Welton afirmou ainda que, quando terminou de criar o material, o delegado e alguns agentes começaram a cobrar dinheiro dele e até a agredi-lo. Ele diz que pagou, mas que o dinheiro era próprio e não da extorsão ao padre.