Segurança hídrica: poluição avança no Rio Guamá, alerta pesquisadora da Uepa no Dia Mundial da Água
Por: Carlos Alexandre
Fonte: O Liberal
Prcesso gera doenças para usuários das águas.
As águas superficiais do Rio Guamá, que serve para diversos usos, possuem valores elevados de coliformes termotolerantes, que são bactérias indicativas de contato da água com material de origem fecal. Ao que tudo indica os danos à qualidade da água estão sendo provocados devido à alta carga de poluição que chega ao rio. Dados da pesquisa mostram que a quantidade de coloformes termotolerantes ultrapassa o indicado pelas resolução do Conama, que seria até 1.000 nmp/100ml; pontos do Rio Guamá apresentaram valores acima do limite legal permitido como 12.098 nmp/100ml. Esses dados foram levantados pela Carla Renata Carneiro, advogada e licenciada em Biologia, mestra e doutoranda pela Universidade do Estado do Pará (Uepa).
Os resultados desse estudo serão apresentados, nesta quarta-feira (22), Dia Mundial da Água, no I Seminário do Laboratório de Qualidade da Água da Amazônia (Labágua), da Uepa, em funcionamento no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá. O tema da apresentação é “Saneamento e Qualidade Microbiológica das Águas Superficiais do Rio Guamá, em Belém do Pará”, reunindo ainda a pesquisadora Danielle Salgado, que trabalhou a qualidade de água no município de Barcarena.
No Dia Mundial da Água, vale a pena não esquecer que esse bem responde por 71% da superfície terrestre do planeta, totalizando 1,4 bilhão de metros cúbicos. De toda a água disponível na Terra, 97,5% é água salgada e somente 2,5% da água disponível é doce.
No Rio Guamá
Carla Renata Carneiro destaca que a constatação de valores elevados de coliformes termotolerantes no Rio Guamá “pode ser reflexo de problemas relacionados à precariedade do saneamento em Belém, principalmente em relação à coleta e tratamento de esgoto, pois o Rio Guamá é o corpo hídrico receptor; logo, é imprescindível políticas públicas voltadas ao saneamento na cidade, principalmente em relação à coleta e tratamento de esgoto”.
Essa situação nas águas do rio tem reflexos na saúde da população, como doenças de veiculação hídrica e relacionadas à falta de saneamento, por exemplo, amebíase, giardíase, hepatite infecciosa A, leptospirose e dengue, segundo destaca a pesquisadora, autora dessa pesquisa de mestrado.
“O alerta que faço em relação ao Dia Mundial da Água é de que a sociedade mude seu pensamento de que a água e um recurso natural infinito; a água é finita e precisa de maior atenção quanto aos seus usos e melhora na qualidade, principalmente quando se trata de consumo humano’, ressalta Carla Renata.
A professora Hebe Morgane, coordenadora do Labágua da Uepa, salienta que o projeto Laboratório foi financiado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) em 2021 e funciona no PCT Guamá, do Governo do Estado, e desde então contribui com as ações de ensino, pesquisa e extensão. Nesse sentido, atuam no Labágua alunos de graduação e pós-graduação, e a pesquisa na temática água é o carro-chefe do Laboratório, que presta serviços e análises relacionadas à qualidade de água, balneabilidade, potabilidade para a comunidade em geral.
Amazônia
A Amazônia, região que ocupa mais de 60% do território do Brail, tem um 162 mil quilômetros cúbicos subterrâneos de água, conhecido como Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga). E é dessa água que depende a vida na região, em especial, a cobertura florestal.